Boas vindas

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Interpelações

Três interpelações ficam do trabalho realizado na oficina "Evangelização compartilhada e sua relação com as questões de gênero":
•Igreja toda ministerial, includente, que valoriza todas as dimensões do ser humano e do cosmos;
•Ser Igreja entre o povo, numa atitude inclusiva e com sensibilidade relacional;
•Leitura bíblica, com chaves hermenêuticas inclusivas, que potencializem a evangelização compartilhada.
Alguns itinerários também foram propostos:
- Retomar a metodologia das CEBs em nossas presenças e ações evangelizadoras;
- Rever programas e hermenêuticas acadêmicas e populares na leitura bíblica, de modo a desconstruir imagens que não condizem com a verdade do texto;
- Formação popular;
- Diálogo com o diferente (novas formas familiares, novas realidades, novos cenários tecnológicos...).

Reconhecer a diversidade para mudar a sociedade

Entrevista especial com Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva

Com o objetivo de falar sobre o rosto africano, esteve na Unisinos na última semana a professoraPetronilha Beatriz Gonçalves e Silva, da Universidade Federal de São Carlos. Na ocasião, ela concedeu pessoalmente a entrevista a seguir para a IHU On-Line, quando afirmou que “existem dificuldades de relação entre os grupos étnico-raciais decorrentes de uma visão segundo a qual a nossa sociedade seria monocultural ou preferencialmente de raiz europeia, quando nossa sociedade é notadamente de raiz indígena, dos povos originários e também africana”.

Para ela, “o país, como um todo, quer se ver única ou preferencialmente de raiz europeia. Esse é o problema central. Somos uma sociedade pluricultural, diversa e que cria um mito de que viveríamos todos tão harmonicamente que teríamos nos esquecido de nossas raízes. E esse mito funciona na medida em que as pessoas se convertem a um modo de ser que não é o seu próprio, sendo que essa conversão anula sua raiz básica”. E completa: “as pessoas costumavam dizer que o racismo no Rio Grande do Sul devia ser maior porque havia muita influência europeia, e eu, como eu sou gaúcha de Porto Alegre, sempre disse que é difícil medir isso. Mas desde as últimas manifestações que temos visto, começo a crer que quem vê de fora parece que vê melhor”.

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva possui graduação em Português e Francês, mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutorado em Ciências Humanas Educação pela mesma universidade. Cursou especialização em Planejamento e Administração da Educação no Instituto Internacional de Planejamento da Unesco, em Paris. Realizou estágio de pós-doutorado em Teoria da Educação, na University of South Africa, em Pretoria, África do Sul. Por indicação do Movimento Negro, foi conselheira da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, mandato 2002-2006. Nesta condição foi relatora do Parecer CNE/CP 3/2004 que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana e participou da relatoria do Parecer CNE/CP 3/2005 relativo às Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia. Atualmente, é professora na Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como a senhora descreve o rosto africano aqui no Brasil? O que o caracteriza?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva –
A cor da pele, que todo mundo vê, de saída; a ancestralidade; a cultura e a história enraizada na África; o modo de ser e viver; e a religiosidade. É isso que caracteriza o rosto africano no Brasil e na América Latina.

IHU On-Line – Como a questão étnico-racial aparece na educação brasileira hoje?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva –
Não sei se temos uma questão étnico-racial. Existem dificuldades de relação entre os grupos étnico-raciais decorrentes de uma visão segundo a qual a nossa sociedade seria monocultural ou preferencialmente de raiz europeia, quando nossa sociedade é notadamente de raiz indígena, dos povos originários e também africana. A metade da população brasileira, segundo mostra o Censo, é formada por pretos e pardos, ou seja, por pessoas majoritariamente de raiz africana. O país, como um todo, quer se ver única ou preferencialmente de raiz europeia. Esse é o problema central. Somos uma sociedade pluricultural, diversa e que cria um mito de que viveríamos todos tão harmonicamente que teríamos nos esquecido de nossas raízes. E esse mito funciona na medida em que as pessoas se convertem a um modo de ser que não é o seu próprio, sendo que essa conversão anula sua raiz básica. Nós, negros, temos uma raiz africana. Evidentemente, ela foi sendo recriada no Brasil, até nas condições de escravismo. Fomos um povo tratado não como pessoas, mas como objetos. Mesmo nessa situação, esse povo recriou suas raízes. O importante é que nesse contato, que infelizmente não foi nada cordial, muito pelo contrário, houve uma recriação, o que permitiu que fossem aprendendo uns com os outros. Mas isso não significa que deixamos de ser quem somos; a base, a raiz, não morre.

IHU On-Line – Qual a importância do Parecer que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva –
Diante dessa dificuldade de relações igualitárias entre negros e não negros era preciso que houvesse uma determinação legal. As leis são feitas justamente para corrigir distorções. Nesse sentido, é bastante significativo o início deste século. Durante todo o século XX o Movimento Negro brasileiro mostrou a importância de se conhecer a história e a cultura dos afro-brasileiros para que eles sejam respeitados como construtores dessa nação. Quando a lei10.639 [1] é aprovada, esse foi um ganho do Movimento Negro, e não uma concessão como alguns pensam. Em 2008, a lei 11.645 acrescenta a importância de se conhecer a história e a cultura dos povos indígenas. Quando se começou a formular este parecer no Conselho Nacional de Educação (eu era conselheira indicada pelo Movimento Negro), nós pensávamos na educação das relações étnico-raciais e sabíamos que chegaríamos à história e à cultura porque havia múltiplas experiências que deram condições para que se formulassem as diretrizes nos termos em que foram formuladas.

O Movimento Negro mostrava, ao longo do século XX, que, para que as pessoas convivam respeitosamente, elas devem conhecer umas às outras e devem conhecer a história e a cultura. Não podem conhecer somente a de um povo como sendo suas raízes. Uma das principais dificuldades de fazer tudo isso é porque conhecer essa história traz à tona muitas dores e talvez até muita culpa. Se para os filhos dos antigos negros escravizados é doloroso, também não deve ser fácil para os descendentes dos escravizadores ou traficantes. No entanto, as pessoas não devem se sentir culpadas pelo que seus antepassados fizeram, mas elas têm uma responsabilidade, que é a de corrigir o que foi feito. E, para isso, é preciso conhecer, respeitar e valorizar a história de cada um.

IHU On-Line – Como a lei está sendo implementada e qual a especificidade da região sul nesse cenário?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva –
A dificuldade da implementação talvez advenha deste aspecto da dor e da culpa, da qual acabei de falar, ou pode vir da crença que alguns têm de que são superiores a outros. Isso exige outra mentalidade, outra maneira de as pessoas se relacionarem. Ao afirmar que é preciso estudar a história e a cultura afrobrasileira e africana, o Parecer e o fato de haver até uma lei sobre isso, significam o reconhecimento de que este é o povo menos valorizado nesse país. É uma política pública de reconhecimento da maior importância.

Sobre a especificidade na região, não tenho muitos dados. Mas o que temos visto é que, aqui na região sul, ocorrem manifestações explícitas de racismo mais cruéis do que em outras regiões. As pessoas costumavam dizer que o racismo no Rio Grande do Sul devia ser maior porque havia muita influência europeia, e eu, como eu sou gaúcha de Porto Alegre, sempre disse que é difícil medir isso. Mas desde as últimas manifestações que temos visto, começo a crer que quem vê de fora parece que vê melhor.

IHU On-Line – Quem é a mulher negra brasileira hoje? Quais suas marcas?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva –
O que marca a mulher negra é a garra e a luta pela sobrevivência do seu povo. Ela mantém a raiz do período da escravidão e orgulho do pós-abolição.

IHU On-Line – Como a academia pode contribuir para o debate sobre a diversidade étnico-racial e o que a senhora pensa sobre as cotas para os negros nas universidades?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva –
A academia deve, antes de mais nada, reconhecer que a sociedade é plural. A política de cotas e outras de ações afirmativas, quando são implantadas, mostram que a universidade adota uma política institucional. Pela primeira vez as universidades começam a adotar políticas que visam a uma equidade social. Elas se dão conta de que fazem parte da sociedade; não são algo separado ou um lugar em que algumas pessoas se isolariam para iluminar a sociedade. Não é isso. A própria universidade deve ser iluminada pela sociedade. A universidade não pode estar a serviço de um grupo.

IHU On-Line – Qual a contribuição da literatura brasileira para a construção da imagem em torno do negro no Brasil hoje?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva –
Depende de quem escreve. Teve um debate interessante, porém doloroso, a partir do parecer do Conselho Nacional de Educação, que deu resposta a um pai, que fez uma denúncia do estudo que seu filho fazia do livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, na escola, e que tem palavras pejorativas e agressivas contra a personagem Tia Anastácia. Por que chamam as crianças negras de “negrinho-carvão”? As crianças leem Monteiro Lobato, que é autoridade por ser um grande escritor, então acham que podem chamar seu colega desta forma.

IHU On-Line – E Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva –
Esse é mais do que simplesmente um livro muito bem escrito. Ele serve de base para justificar o mito da democracia racial, de que vivemos todos harmoniosamente, somos felizes e nos amamos, quando não é isso, a tal ponto que nos esquecemos até quais são nossas raízes. Por isso a cultura europeia é a predominante. É essa luta por reconhecimento da diversidade que esperamos que mude a sociedade, que as pessoas vivam bem e não tenham que brigar pelo que lhes é de direito.

Nota:

[1] A lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003, altera a lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional para incluir no currículo oficial das redes de ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências.


Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=47426

Reconhecer a diversidade para mudar a sociedade

Entrevista especial com Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva

Com o objetivo de falar sobre o rosto africano, esteve na Unisinos na última semana a professoraPetronilha Beatriz Gonçalves e Silva, da Universidade Federal de São Carlos. Na ocasião, ela concedeu pessoalmente a entrevista a seguir para a IHU On-Line, quando afirmou que “existem dificuldades de relação entre os grupos étnico-raciais decorrentes de uma visão segundo a qual a nossa sociedade seria monocultural ou preferencialmente de raiz europeia, quando nossa sociedade é notadamente de raiz indígena, dos povos originários e também africana”.

Para ela, “o país, como um todo, quer se ver única ou preferencialmente de raiz europeia. Esse é o problema central. Somos uma sociedade pluricultural, diversa e que cria um mito de que viveríamos todos tão harmonicamente que teríamos nos esquecido de nossas raízes. E esse mito funciona na medida em que as pessoas se convertem a um modo de ser que não é o seu próprio, sendo que essa conversão anula sua raiz básica”. E completa: “as pessoas costumavam dizer que o racismo no Rio Grande do Sul devia ser maior porque havia muita influência europeia, e eu, como eu sou gaúcha de Porto Alegre, sempre disse que é difícil medir isso. Mas desde as últimas manifestações que temos visto, começo a crer que quem vê de fora parece que vê melhor”.

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva possui graduação em Português e Francês, mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutorado em Ciências Humanas Educação pela mesma universidade. Cursou especialização em Planejamento e Administração da Educação no Instituto Internacional de Planejamento da Unesco, em Paris. Realizou estágio de pós-doutorado em Teoria da Educação, na University of South Africa, em Pretoria, África do Sul. Por indicação do Movimento Negro, foi conselheira da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, mandato 2002-2006. Nesta condição foi relatora do Parecer CNE/CP 3/2004 que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana e participou da relatoria do Parecer CNE/CP 3/2005 relativo às Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia. Atualmente, é professora na Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como a senhora descreve o rosto africano aqui no Brasil? O que o caracteriza?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva –
A cor da pele, que todo mundo vê, de saída; a ancestralidade; a cultura e a história enraizada na África; o modo de ser e viver; e a religiosidade. É isso que caracteriza o rosto africano no Brasil e na América Latina.

IHU On-Line – Como a questão étnico-racial aparece na educação brasileira hoje?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva –
Não sei se temos uma questão étnico-racial. Existem dificuldades de relação entre os grupos étnico-raciais decorrentes de uma visão segundo a qual a nossa sociedade seria monocultural ou preferencialmente de raiz europeia, quando nossa sociedade é notadamente de raiz indígena, dos povos originários e também africana. A metade da população brasileira, segundo mostra o Censo, é formada por pretos e pardos, ou seja, por pessoas majoritariamente de raiz africana. O país, como um todo, quer se ver única ou preferencialmente de raiz europeia. Esse é o problema central. Somos uma sociedade pluricultural, diversa e que cria um mito de que viveríamos todos tão harmonicamente que teríamos nos esquecido de nossas raízes. E esse mito funciona na medida em que as pessoas se convertem a um modo de ser que não é o seu próprio, sendo que essa conversão anula sua raiz básica. Nós, negros, temos uma raiz africana. Evidentemente, ela foi sendo recriada no Brasil, até nas condições de escravismo. Fomos um povo tratado não como pessoas, mas como objetos. Mesmo nessa situação, esse povo recriou suas raízes. O importante é que nesse contato, que infelizmente não foi nada cordial, muito pelo contrário, houve uma recriação, o que permitiu que fossem aprendendo uns com os outros. Mas isso não significa que deixamos de ser quem somos; a base, a raiz, não morre.

IHU On-Line – Qual a importância do Parecer que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva –
Diante dessa dificuldade de relações igualitárias entre negros e não negros era preciso que houvesse uma determinação legal. As leis são feitas justamente para corrigir distorções. Nesse sentido, é bastante significativo o início deste século. Durante todo o século XX o Movimento Negro brasileiro mostrou a importância de se conhecer a história e a cultura dos afro-brasileiros para que eles sejam respeitados como construtores dessa nação. Quando a lei10.639 [1] é aprovada, esse foi um ganho do Movimento Negro, e não uma concessão como alguns pensam. Em 2008, a lei 11.645 acrescenta a importância de se conhecer a história e a cultura dos povos indígenas. Quando se começou a formular este parecer no Conselho Nacional de Educação (eu era conselheira indicada pelo Movimento Negro), nós pensávamos na educação das relações étnico-raciais e sabíamos que chegaríamos à história e à cultura porque havia múltiplas experiências que deram condições para que se formulassem as diretrizes nos termos em que foram formuladas.

O Movimento Negro mostrava, ao longo do século XX, que, para que as pessoas convivam respeitosamente, elas devem conhecer umas às outras e devem conhecer a história e a cultura. Não podem conhecer somente a de um povo como sendo suas raízes. Uma das principais dificuldades de fazer tudo isso é porque conhecer essa história traz à tona muitas dores e talvez até muita culpa. Se para os filhos dos antigos negros escravizados é doloroso, também não deve ser fácil para os descendentes dos escravizadores ou traficantes. No entanto, as pessoas não devem se sentir culpadas pelo que seus antepassados fizeram, mas elas têm uma responsabilidade, que é a de corrigir o que foi feito. E, para isso, é preciso conhecer, respeitar e valorizar a história de cada um.

IHU On-Line – Como a lei está sendo implementada e qual a especificidade da região sul nesse cenário?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva –
A dificuldade da implementação talvez advenha deste aspecto da dor e da culpa, da qual acabei de falar, ou pode vir da crença que alguns têm de que são superiores a outros. Isso exige outra mentalidade, outra maneira de as pessoas se relacionarem. Ao afirmar que é preciso estudar a história e a cultura afrobrasileira e africana, o Parecer e o fato de haver até uma lei sobre isso, significam o reconhecimento de que este é o povo menos valorizado nesse país. É uma política pública de reconhecimento da maior importância.

Sobre a especificidade na região, não tenho muitos dados. Mas o que temos visto é que, aqui na região sul, ocorrem manifestações explícitas de racismo mais cruéis do que em outras regiões. As pessoas costumavam dizer que o racismo no Rio Grande do Sul devia ser maior porque havia muita influência europeia, e eu, como eu sou gaúcha de Porto Alegre, sempre disse que é difícil medir isso. Mas desde as últimas manifestações que temos visto, começo a crer que quem vê de fora parece que vê melhor.

IHU On-Line – Quem é a mulher negra brasileira hoje? Quais suas marcas?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva –
O que marca a mulher negra é a garra e a luta pela sobrevivência do seu povo. Ela mantém a raiz do período da escravidão e orgulho do pós-abolição.

IHU On-Line – Como a academia pode contribuir para o debate sobre a diversidade étnico-racial e o que a senhora pensa sobre as cotas para os negros nas universidades?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva –
A academia deve, antes de mais nada, reconhecer que a sociedade é plural. A política de cotas e outras de ações afirmativas, quando são implantadas, mostram que a universidade adota uma política institucional. Pela primeira vez as universidades começam a adotar políticas que visam a uma equidade social. Elas se dão conta de que fazem parte da sociedade; não são algo separado ou um lugar em que algumas pessoas se isolariam para iluminar a sociedade. Não é isso. A própria universidade deve ser iluminada pela sociedade. A universidade não pode estar a serviço de um grupo.

IHU On-Line – Qual a contribuição da literatura brasileira para a construção da imagem em torno do negro no Brasil hoje?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva –
Depende de quem escreve. Teve um debate interessante, porém doloroso, a partir do parecer do Conselho Nacional de Educação, que deu resposta a um pai, que fez uma denúncia do estudo que seu filho fazia do livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, na escola, e que tem palavras pejorativas e agressivas contra a personagem Tia Anastácia. Por que chamam as crianças negras de “negrinho-carvão”? As crianças leem Monteiro Lobato, que é autoridade por ser um grande escritor, então acham que podem chamar seu colega desta forma.

IHU On-Line – E Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva –
Esse é mais do que simplesmente um livro muito bem escrito. Ele serve de base para justificar o mito da democracia racial, de que vivemos todos harmoniosamente, somos felizes e nos amamos, quando não é isso, a tal ponto que nos esquecemos até quais são nossas raízes. Por isso a cultura europeia é a predominante. É essa luta por reconhecimento da diversidade que esperamos que mude a sociedade, que as pessoas vivam bem e não tenham que brigar pelo que lhes é de direito.

Nota:

[1] A lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003, altera a lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional para incluir no currículo oficial das redes de ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências.


Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=47426

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Congresso Internacional de Evangelização


De 19 a 22, acontece o Congresso Internacional “Evangelização em Diálogo – novos cenários desde o paradigma ecológico”, em Petrópolis (RJ). O evento, promovido pelo Instituto Teológico Franciscano (ITF) de Petrópolis, tem o objetivo de analisar e compreender os novos cenários em que se dá a ação evangelizadora.

Os professores da ESTEF Luiz Carlos Susin, Arno Frelich, Flávio Guerra e a Professora Lúcia Weiler estão particiando das atividades do Congresso.O Congresso é direcionado a professores e alunos, bem como a todos os que se interessam, e que, de um modo ou de outro, se sentem interpelados pelo tema. O evento acontece no contexto do 8º Encontro dos Professores e dos Diretores dos Centros de Estudos afiliados à Pontifícia Universidade Antonianum (PUA), de Roma, que este ano será realizado também no ITF.“A evangelização constitui, para todos os efeitos, razão de ser da Igreja. Fiel à prática evangelizadora de Jesus, ela procura realizar sua vocação em diálogo. ‘Evangelizar em diálogo’ corresponde, em primeiro lugar, a um apelo que nos vem do próprio Jesus que, na relação com seus interlocutores, procurou dialogar sempre”, destacou um dos coordenadores do evento frei Sinivaldo Tavares, OFM.

Marcam presença no Congresso conferencistas do Brasil, Argentina, México, Itália e Republica Dominicana, com os seguintes painéis: “Evangelização no mundo urbano”; “Evangelização e novas tecnologias”; e “A Ecologia como novo Paradigma”. Além das conferências, o participante poderá participar dos workshops: “Espacios urbanos: andares espirituales, tensiones del creer y red de liderazgos”; “Cosmovisiones indígenas del paisaje ritual”; “Evangelização compartilhada e sua relação com as questões de gênero”; “Justiça ambiental e justiça ecológica: novos paradigmas para se pensar a sociedade”; “Sensibilização ecológica”; “Sustentabilidade socioambiental”; e “Teologia e Ecologia”.


Os painelistas de hoje (21/09) provocaram à reflexão, ao uso e concepção de critérios em torno do ciberespaço, cibercultura, do mundo midiático.
O ciberespaço se apresenta para as novas gerações como o lugar da cidade celestial, na qual não há medos, pois não há violência. Ali tudo é limpo e perfeito.
Corre-se o risco de se perder o realismo da vida humana que está na presença da fragilidade, da vulnerabilidade que faz buscar, crescer, transgredir limites, pois o humano é o limite, vive no limite, sendo um ser de fronteira. É o limite entre o animal e o divino, entre matéria e transcendente.
Mais, o virtual não é antônimo de real, mas de atual. No virtual está presente a força do vir a ser, portanto, do que pode ser real. O ser humano virtual é o desejo de ser, de vir a ser, que pode esconder o atual, negando-o, mas pode também construir o atual, fazendo-o crescer.
Aqui entra a evangelização. O vir a ser teológico, ser imagem e semelhança de Deus, é uma construção virtual, pois não é a realidade atual da pessoa. O espaço cibernético (virtual) pode nos ajudar a incrementar o diálogo, o sonho e o desejo de ser sempre mais conforme a identidade criacional do humano. O ser humano está sempre "se escrevendo".

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Encontro de 14 de outubro de 2011

Neste encontro recebemos novos membros: Jorge Luís Peil, Maria Laura Almeida de Oliveira e Brasil Souza de Oliveira, partilhando as motivações que cada um/a tem e traz para o grupo, situando-os na caminhada do grupo, desde os inícios, passando pelas atividades. Estando presente também: Lucia, Vanessa, Bernardete, Paulo e Arno.
Partilhamos o quadro elaborado por Angela Xavier de Brito (artigo "Exame de consciência, sentimento de culpa e formação de um habitus feminino"), comparando a educação para uma postura corporal masculina e feminina e suas consequências, passando a reflexões sobre situações, realidades: tráfico de mulheres, concurso de Miss, campanhas publicitárias, situações de violência...
Olhamos o material escrito até o momento. Combinamos de todas/os mandarem o material já elaborado para Lucia e Arno, para uma primeira sistematização e depois uma nova rodada de leitura e complementação. Paulo se dispõe a ajudar.
Faremos nova consulta sobre a confraternização, para ser no dia 22/10.
Para o nosso próximo encontro ficou a data de 19 de outubro, pois a segunda quarta-feira é feriado.
Frei Luís Méndez Gutiérrez deu o aval para a publicação de sua monografia como livro.
Quanto a questão financeira, também colocamos a questão para o próximo encontro.
Quanto a participação na preparação do próximo encontro da Mística Feminina, no início de 2012, Lucia enviará o convite para todas/os. Incentivamos a participação.